domingo, 19 de setembro de 2010

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

JORNADA AO DESERTO DA ALMA

... E ele finalmente se foi, e junto com ele foi-se a luz
Como encontrarei o caminho no lodo que obscurece o coração
Tão feito está de soberba e desilusão
Tornou-me um degradado da escuridão d’eu mesmo em meu próprio peito
Sou eu um ser imperfeito
Tão desejoso de sorrir e mentir para o mundo o meu real sentir
Vago em vagaroso caminhar
Na jornada ao deserto da alma
Onde tudo é consternação
Onde tudo tem um ar pretérito
Onde o colorido perdeu o viço
E onde as coisas da casa partiram com você
E junto foram meus sonhos, minhas aspirações, meus devaneios
Ficaram meus olhos tristonhos, minhas decepções, meus receios
Enferrujada é a lâmina cava que rasga a aorta
Desfazendo a bainha da seda
Rasgando a organza de meus sonhos e me revelando
Os caminhos, os rios, as setas que indicam
A jornada ao deserto da alma...
E lá sem sombras e nem luz sepultarei o que eu criarei
A Medusa que me consome o coração de pedra
Numa sedução de Lesbos
Assim é o que me medra
A certeza de nunca tive
Não tenho
E nem sei se terei...
A certeza de conhecer a real e fidedigna
Jornada ao deserto da alma.