sábado, 16 de maio de 2009

MALDITO

Eu me acostumei a sofrer
Soube perceber o enorme prazer que há na dor
Na dor de brigarmos sem questão de um real por que
Porque sem você se obscurece o sol e toda a seiva da vida é velha
Velha como a imortal ferida que sangra saudades
Saudades de tudo aquilo que não fomos, e agora são lembranças
Lembranças de um tempo futuro registrados numa máquina
Máquina que repressoramente nos faz sucumbir de alegria e afeto
Alegria e afeto que outrora coloriram um nosso segredo
Segredo dos braços longos a vociferar adeuses
Adeuses dos dias felizes que estavam nos nossos beijos
Beijos, véspera do escarro, primo do afronto e neto da desilusão
Desilusão de me saber passado nesse futuro ainda tão presente
Presente de um armador grego que orna a vida de uma burqua negra
Negra alma de um negro momento
Momento de abandono, luxuria de mãos e pesadelos
Pesadelos de ter sonhos felizes, pois a felicidade é um engano
Engano que faz de um mero momento eternidade
Eternidade presente na mortalidade de todo nós, aprendizes
Aprendizes do tempo e do espaço entre dois mundos
Mundos que mudos souberam ouvir as vozes do silêncio
Silêncio que foi o incêndio de nossos corpos nus
Corpos nus que nunca desejaram mal algum
Queriam somente, simplesmente amar
Amar a dor de se saber maldito aos olhos de meu pai e minha mãe.

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