A
Dor...
Novamente
a Dor...
A
aguda, nociva, infinita dor
Brotou
em hastes enquanto cravastes
Os
espinhos, os fios, os rios, carinhos
Caninos
tartarizados
A
Dor...
Novamente
a Dor...
Porém
não quero que ela apareça
Quero
que em mim
Ela
apodreça
E
não se rompa, sem fendas
Não
cicatrizarão as chagas
Cruas,
nuas, puras, minhas e suas
Teu
nome de segredo
Esconderei
nas ruas, as putas
As
lutas, as tetas, as teias, sereias
Servirei
na última ceia
Teu
seio guardarei
Doarei
ao gay, ao frei, ao rei, sei
Que
ímpar não se oferece ao par
Quem
olvidará, dirá, partirá
Tonto
do segredo
A
Dor...
Novamente
a Dor...
Virá
do plutônio
Na
ira do urânio, e no teu crânio
A
sentença, a lança, a pança, e a dança
Sangra
o choro, chora o mangue
A
gangue nua, dirá, calada
A
Dor...
Novamente
a velha nostálgica Dor
Rasgou
os vasos, e as orquídeas mataram a camélia
E
assim morreu Orfeu, suicido-se louca
Ofélia
A
flor nasceu rica, com cloro e tinta
Infinita
fez-se doce, amarga, e bonita
Assim,
sem conhecer o dia
Vendeu-se
à noite, o açoite brilhou alto
A
donzela, fez-se fera, deu-se cadela, dormiu
Lisa
na hera, e a guerra gerou o fardo
E
ao som do fado
A
Dor...
Novamente
a hídrica Dor...
Por
que correr, dormir, mijar, ou rir
Tente
correr, vais cair, se chagar, esguair
Eu,
rindo, indo ou vindo, sairei partindo
Por
fim, no amor partido, caído,
Me
vi, e vendo, revendo, olhando, agrupando,
Lendo
A
Dor...
Novamente
o leque de arpões da Dor...
O
beijo, o queijo, o leigo, e a rosa
A
poesia que vira prosa
A
música que murcha e morre
A
Dor...
Novamente
a Dor...
Revigora
a dor...
Cai
a última pétala incolor
E...
a Dor...
Novamente
a Dor...
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