segunda-feira, 25 de agosto de 2014

A DOR

A Dor...
Novamente a Dor...
A aguda, nociva, infinita dor
Brotou em hastes enquanto cravastes
Os espinhos, os fios, os rios, carinhos
Caninos tartarizados
A Dor...
Novamente a Dor...
Porém não quero que ela apareça
Quero que em mim
Ela apodreça
E não se rompa, sem fendas
Não cicatrizarão as chagas
Cruas, nuas, puras, minhas e suas
Teu nome de segredo
Esconderei nas ruas, as putas
As lutas, as tetas, as teias, sereias
Servirei na última ceia
Teu seio guardarei
Doarei ao gay, ao frei, ao rei, sei
Que ímpar não se oferece ao par
Quem olvidará, dirá, partirá
Tonto do segredo
A Dor...
Novamente a Dor...
Virá do plutônio
Na ira do urânio, e no teu crânio
A sentença, a lança, a pança, e a dança
Sangra o choro, chora o mangue
A gangue nua, dirá, calada
A Dor...
Novamente a velha nostálgica Dor
Rasgou os vasos, e as orquídeas mataram a camélia
E assim morreu Orfeu, suicido-se louca
Ofélia
A flor nasceu rica, com cloro e tinta
Infinita fez-se doce, amarga, e bonita
Assim, sem conhecer o dia
Vendeu-se à noite, o açoite brilhou alto
A donzela, fez-se fera, deu-se cadela, dormiu
Lisa na hera, e a guerra gerou o fardo
E ao som do fado
A Dor...
Novamente a hídrica Dor...
Por que correr, dormir, mijar, ou rir
Tente correr, vais cair, se chagar, esguair
Eu, rindo, indo ou vindo, sairei partindo
Por fim, no amor partido, caído,
Me vi, e vendo, revendo, olhando, agrupando,
Lendo
A Dor...
Novamente o leque de arpões da Dor...
O beijo, o queijo, o leigo, e a rosa
A poesia que vira prosa
A música que murcha e morre
A Dor...
Novamente a Dor...
Revigora a dor...
Cai a última pétala incolor
E... a Dor...
Novamente a Dor...





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