segunda-feira, 25 de agosto de 2014

CHAGAS

Me beije.
Vamos. Venha até aqui e me beije.
Não!
Não beije minha boca,
Beija-la é simples e normal.
Beije com estes lábios sepulcrais
As chagas do meu corpo
Que por seu corpo se faz,
Sinta o pulsar quando se cicatrizam
Ou quando emotivas choram sangrando.
Esquecidas se inflamam
Deixam escorrer o gosto de sua saliva
Cantam serenamente com a casta
Suavidade triste das divas.
Bêbedas de mercúrio se embriagam, se jogam
Vestem-se de gases e esparadrapos
Esperam sozinhas no quarto
A porta que não abre, a voz que não chega
Pobre alma cheia de chagas
Cujos lábios querem ser beijados
Estupra-se com o dedo
Para poder ver-se sangrar,
Coagulando os sorrisos
Enquanto espera seus lábios a tocar.
Estes lábios com nojo da chaga beijar
Entope-se de ácidos
E desmaiam...
Enquanto a chaga se põe a chorar.



Nenhum comentário:

Postar um comentário