Eu...
Eu
sou um coração que é maldito
Porque
carrega em si um tumor aflito
De
uma explosão vermelha
Rosa
céu de Hiroxima,
Eu
sou a desgraçada
Prostituição
negra das meninas,
Sirvo-me
em qualquer taça de fel,
Sou
o rio seco do que é cruel
De
mim saboreia-se um gosto amargo
Porque
o âmago de mim sulfurou
O
pranto seco cantou o medo, o fato,
O
falo, o fauno, o fado.
Eu...
Eu
sou o último desespero da camélia
Que
apodrece num vaso adubado, coitado,
Tudo
é somente fezes...
Pobre
hidra, hera, sua vida é desgraçada
Porque
eu, amor, sou renegado por ti
Que
é imbecil, amado,
O
famigerado devorador do músculo roxo
Que
pinta a miséria num tom fosco
E
se esquece, e se amedronta, e foge
Foge
porque é mais fácil correr, do que cair
Antes
o cansaço, que a chaga, o esguair
O
minguar até ser nada, e nada
Ainda
assim existir.
Ser
como toda prostituta, infecunda,
Porque
em seus oblíquos partos
Parem
feridas do mundo
E
se engana quem acha que esse sofrer termina
Ele
se aprimora, desenvolve, alucina
E
agora, a alma perdida se evola
Rola
nos ralos de mim, é bola
Rebola
ao som da marcha fúnebre
Morre,
não se decompõe, porque flui
Flui
ao som forte do tamborete e do clarim
O
lábio ocre carmim
Sorri
um sorriso desdentado
E
você, a dentadura, se faz rachado
Para
poder fora, ser jogado
Se
esquecendo que um peito se faz sangrado
Porque
não queres
Preferes
a fuga. Foge, antes correr que cair
Eu
ao menos não menti
Estou
morto, mas estou aqui
Pronto
para se servir, frio, porque quem corre
É
o seco rio que desemboca no mar
Amar
é um verbo transitivo...
O
riso, a esbórnia, a glória
Tudo
são faces...
Sou
ser sofrido, caído
Porque
renegas a regar
As
árvores secas, de folhas e frutos secos, de meu pomar?
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