Lágrimas,
Sempre
lágrimas...
Nos
açoitam os olhos com violência
Pois
refletem as cores que no peito
Brotaram
sem pudor ou clemência
Lágrimas,
Sempre
lágrimas...
Frias,
vãs, mulçumanas, cristãs
Todas
filhas de Maria
Todas
feridas, despidas, sentidas
Ásperas,
porém leves, rolar
Sangrar
assim esta hora total
Cujo
soluço assume ar palatal
Desgraça
par que é ao final
Lágrimas,
Sempre
lágrimas...
Despidas
de azul, sangue, ou sal
Mármore
carrára do bem
Sopro
frio do mal
Chega
sem pedir licença
A
transbordar a taça de fel cruel
A
cólera de quem tolo fiel
Sangrou-se
como se fosse
Lágrimas,
Sempre
lágrimas...
Desterro
de homens... Preces femininas...
Agonia
de olhos inocentes
Coerente
erro de se estar aqui
Correr
é o suplício do vento
Tenaz
preceito do sofrimento
Ode,
oráculo, prece de amor
Instante
ímpar cujo é persona da dor
Lágrimas,
Sempre
lágrimas...
Coloridas
apesar do tom incolor
Pois
o negro das almas
Não
tinge o seu gesto nítido de labor
Sufocando
através da rima
A
fera manca do ódio superior
Mas
o que fazer se ao fim
Só
Lágrimas,
Sempre
lágrimas...
Amigas
profundas a vedar narinas
A
espasmar nas esquinas
Se
ao menos ainda fossemos meninas...
Correr
não adianta, de que vale adiar
É
prolongar somente à hora
Em
que a vida se põe a derramar
Caídas,
quem, ninguém pode juntar
Pois
são
Lágrimas,
Sempre
lágrimas...
Frutos
de um rico pomar
Cujo
doce está no braço acalentado
Que
redige o instante de riso com furor
Mas
perdido o tempo
É
novamente momento de se ver
Lágrimas,
Sempre
lágrimas...
Flores
ungidas de néctar e almíscar
Tom
correto que faz certo
O
áspero ar do que está aqui
Para
solidificar tudo o que não há
Cimento,
aveia, concreto
Perverso,
verso, reverso do que há
Pois
enquanto aqui estamos
Elas
estão a rolar
Conforme
rolam, transbordam
E
são
Lágrimas,
Eternamente
lágrimas.
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