domingo, 25 de março de 2018

É HORA DE CALAR: Um poema a quatro mãos




Continuo a cravar-te espinhos
E a causar-te dor
Não temos os mesmos caminhos
Eu não quero seu amor,
Parte de mim é anseio
Por querer o que não tenho,
Aquele seio,
Outra, o desespero
Por ter o que tenho
...E o nome de segredo fez-se popular
Aguardente de um balcão sombrio
Onde o brio amarga o paladar
Obscuro eu que desconheço, se revela
E eu não me reconheço
Rio, falo, agrido,...te maltrato
Sofrendo e revidando
Causando a Dor, novamente a Dor
Talvez de meu amor não correspondido
De Deus o meu castigo
Longe de seus olhos, suas mãos
Gostaria de ser inteiro
Pensa em mim sofrendo, doendo
Imagina o parto, o rasgo, a veia
Que expeli a vida, serve-se em ceia
Creia, o gosto amargo é fardo
...E o nome de segredo fez-se popular
Poeira que rola nas ruas
A lua nova se faz loira, morena, e cheia.
Agora, a mameluco sereia
Temperado por vinho de enxofre
Proporcionará o gosto da lagosta
Em postas de vitelas da mulher
Que amas...
Mas não me percorrera as tuas mãos
A desvendar as minhas tocas
Por cima de minha pele
Somente os suores das bocas
Que secas, suaves, loucas se embriagam
Assim viajam ao limitado infinito
De dias claros como olhos com ciscos
Contritos de espasmo e labor
...E o nome de segredo fez-se popular
Passa na reprise da tarde
O que arde no povo sempre a passar
Árduos castigos de umbigos sofridos
Com seus massacres sangrentos
Banhados em ungüentos de Akbar
Onde o menino nu caminha
Em direção ao futuro a raiar
Esperando somente o dia que teima
Em se prolongar
...E o nome de segredo fez-se popular
Como a cerimônia onde o homem
Colhe a serva no altar
Ela aceita a servidão sem chicote
Por meros vestidos e seus decotes.

Agora voz, cala-te, já é hora de calar.

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