Maldito
corpo que me arde
Maldita
boca que não me beija
Maldito
verbo que não se faz
Maldito
membro que se enrijece
Maldito
gosto que não me deixa
Maldito
verso me deixa...
Pois
sois eu o bendito o fruto
Dentre
as mulheres
Sois eu boca, dentes,
seios, e... sêmen
Quisera
ser Tatiana, ou mesmo Tereza
Não
essa forma de desigual grandeza
Cuja
pétala fere como espinhos
Se
fosse dado destas sutilezas
Talvez
fosse menor o olhar que me despreza
Talvez
fosse maior o prazer que não se arrebenta
Fossem
os beijos tomados como ungüentos
Menor
a vergonha de se supor meu
Maldito
é este momento
O amor chegou novamente
Trouxe
repleto de si suas chagas
Há
de espalhá-las entre as montanhas
Nos
picos, nas matas
Quisera
eu ser a figura exata
A
fazer de sua gemida cantata
Sou
eu a repulsa, o olhar preocupado
Florem-se
jasmins onde plantei beterrabas
Agora,
amordaçam-se as feridas
Para
pungi-lhes pus esverdeados
A
Solidão se fez à companheira imediata
A
Morte, a figura louca e apaixonada
Parece
que se esquecem do amor fratricida
Do
corpo morto que ainda assim se suicida
Triste
é a matinal partida
Vês?
Meus olhos sangram este poema
Cujos
versos verbalizam o sentimento
Maldito
é este instante
Maldito
é todo o momento
Soberbo
é o efêmero sofrimento, pois
Tingi
de vermelho o anil cinzento
Após
quebrar meu peito, construí
Um
novo de areia, pedra, e cimento
Colori
de cal para pardo faze-lo imortal
Quero
que se diga que foi sutil
A
estrondosa partida
Parida
entre pregos se fez nascida
A
aurora deste inverno
Cujo
raio total de hipocrisia
Fez
do mármore Anjo Mutilado
Agora,
coitado, se fez despido de sexo
Urina
por suas narinas
É
contralto de um som desconexo
Repartirei
meu bolo mofado comigo mesmo
Pois
quem haverá de querer saber
Se
rio ou choro, se vivo ou vou morrer
Maldito
murmúrio que me excita
Maldito
poema que se perpetua na escrita
Maldita
hora que passa
Maldita
forma branca se desfaça
Maldito
amor que vem, que me mata
Desfaça
essa armadilha já trançada
Para
que possa a moça falsa
Ser
possuída como a esposa devotada
Crucial
é este instante
Para
que nasça feliz a próxima alvorada
E
possa se disser que a cama do poeta
É
a feliz estação de parada
Transeuntes
por ali passam, mas só você
Deita,
descansa, e parti...
Parti
sem nem ao menos dizer adeus,
Parti
dizendo nada, nada estais dizendo
Me
deixa só indagando a Deus
Por
que o escolhido tem de ser eu?
Saberei
eu por acaso colorir melhor
A
sobriedade dos sofrimentos
Serei
eu Rembrandt ou outro mestre?
Quem
se oferece a preencher esta lacuna
Cuja
loucura é a irmã mais sensata?
Triste
é a solidão diurna, miserável
A
noturna selva de prazeres enganados
Onde
este coração se mutila para dar vida
Ao
Anjo Mutilado que despido de sexo
Não
ama, permanece sempre parado
Enquanto
meus olhos vidrados
Se
quebram, e se esmigalham
Pisados
por estes pés quentes
Amornados
nos meus pés gelados
Quando
deitados eu procurava prazer
E
você se virava...
Se
estas horas, foram horas fingidas
Fingi
mais
E
prolonga ainda mais esta partida.
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