domingo, 25 de março de 2018

RAPAZZIS




Nós que já não somos os mesmos meninos puros
Já perdemos nossa infância nos mangues
De tantas tamanhas carnes,
Nos ofertamos a jovens, a velhos, a plebeus, e ricaços
Não decidimos pelo clero ou pele raça
Tabelamos os preços em ruas, em praças
Efetuamos o labor da lida com suor e cansaço
Assim a vida nos cobra o seu regaço
Vamos indo, vindo, e vindo vamos indo
Nossa tragicômica tragédia
É como na ópera a ária
De um calçadão às vias da Happia
Distribuímos fartamente o sexo, o carinho, a compreensão
A porrada, o castigo, e a desilusão.
Caímos nesse rumo sem rumo por que o mundo
Não nos deu melhor opção
Trabalho pesado?Não nascemos em tábuas
Para sermos servos, peão
Nossas mãos que são macias, tanto afagam, tanto amarram
Levamos a venda, a única coisa que temos por nossa
Nossa mísera morada, nosso soberbo castelo
Ápice da alma,... Miséria da carne
Deste flagelo do que chamam vida
Perecemos de nossas próprias chagas feridas
E ao cair o poente
Algo nos faz, algo perto do que é ser gente
Re – tornamos a vender nosso melhor produto
Aquele o qual já não é o bendito o fruto
Assim nos somos o que somos
Distribuímos o prazer a quem o consome
Seja mulher, seja gay, seja “u” homem.

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