Sangrado
em meio ao alho e sal
Que
fazem de mim o jardim
Onde brota, entre espinhos,
Os
abortos do ninho e o sepulcro celestial,
A
eterna Flor do Mal
Cujo
toque remete ao momento desigual
Em
que o dia sangra-se de azul total
Forjando
do sorriso o imenso céu
Cruel
é o vento que corre no dia
Pois
a mudes de agora
Em
breve hora será juízo final
Então
eu serei vós, e nós, seremos
Nada
Temperando
com água e vinagre
Esse
cinzar do sol
Pescando
no rio despido de anzol
O
lírio murcho, e o bucho
Servido
em baixelas de prata,
Enquanto
o Anjo se entope de comer,
Se
mata e se enfarta,
Coagulando
o saber
Eu
espero as horas que faltam
Para
assistir tudo o que vai morrer
Pois
nu é o meu diário
Nada
tenho a lhe dizer.
O
Anjo Mutilado se despe do sinal
Não
é macho, não é fêmea
É
somente anjo ao final
Afinal, da cruz cuja sombra é palatal
Ele
despe-se criatura, e na ternura
Faz-se
mínimo e racional
Tal
qual menina que sangra
Menino
que mama
E
corpo de desejo carnal.
Me
mate
Não
me ache
Sou
flor em plural
Regada
por lágrimas negras
Matando
tudo o que é ideal,
Armo
a minha cilada verbal
Cuja
sintaxe da emboscada
Aproxima-se
a cada degrau da escada
Pois
eu, senhor, sou também escrava
Tal
qual o corpo do anjo
É
minha alma mutilada...
Como
esquecer o corpo arqueado
Como
não se lembrar das coxas emaranhadas
E
o membro pulsante
A
pulsar o instante do flagelo de prazer
Morrer,
é ter a glória de não mais
Sofrer
Correr
rumo ao muro, socar,
Sangrar
o espírito
E
esquecer o momento inútil
Onde
seu corpo formou-se das folhas
Deitei-me
neste leito suave
E
gemia, e rolava, e sabia
Que
o crucial instante chegava.
Na
lápide do Anjo Mutilado
Deitava,
morria, e não mais sonhava.
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