domingo, 25 de março de 2018

O INFANTE

É obvio que já lhe amo menos
Pois de minha geometria aritmética
Subtrai todos os co-senos,
E de minha gramática literária
Alguns fonemas, consoantes, e vogais
Mas o poema, teima,
E sai...
Sai arrastando toda a razão
Explodindo em ouriços os orifícios da emoção
O cloro claro do mangue que choro
É o som da lamúria que oro.
Destruído o beijo seco e severo do amor
Colho os talos secos da flor de dor
E a única sombra perdeu a cor
No sol escaldante da ultima era
Negra, não nasceu à primavera, logo ela
Que faria desabrochar em mim, eu
Pois de meus dias nublados nem relâmpagos ou trovão
Só o clarão dos tiros de píton
Onde em segredo o gozo melava o chão
E o sangue coagulado alimentava o embrião
Que morto no meu útero macho, chora
A saudade do falo, enquanto isso, calado
O coração entediado se enfarta, desse ato
Nasce o louco convertido em frei
E nasce o infante romano, varão e gay
Eu não sei
É obvio que lhe amo menos, porém
Sofro, mas me escarneço de prazer
E espero os anos que faltam até morrer.




                                                     

Nenhum comentário:

Postar um comentário